quarta-feira, 28 de outubro de 2015

.A inocência de ser feliz.


Um dia eu cheguei em casa e me deparei com minha sobrinha brincando com suas bonecas. Coloquei a bolsa no sofá e sentei no chão junto com ela. Minha tia assistia a cena como quem admira o tempo e todas as coisas que ele pode trazer. Peguei uma das minhas almofadas dos "cogumelos do mário" que estavam no chão, com o intuito de coloca-la de volta na cama. Minha sobrinha me interrompeu: "Não, tia Larissa, eu tenho uma história pra te contar com elas." Tudo bem, devolvi as almofadinhas e assim ela começou me contando sobre uma história de uma princesa do castelo azul (o cogumelo vermelho) e um príncipe que lutava pelas florestas (o cogumelo verde). Eu olhava atenta à todos os detalhes da história e ao perceber minha atenção ela se esforçava cada vez mais pra criar uma história de conto de fadas. E assim começou. A princesa do castelo azul conheceu o príncipe em um dia que fazia muito sol enquanto andava pela floresta e logo eles se apaixonaram. Diziam que iriam casar e que viveriam felizes para sempre. "Mas tinha um segredo que eles guardavam" (foram as palavras da minha sobrinha). "Que segredo?", perguntei. "Ah, eu não posso contar agora, não chegou no fim". Assenti e continuei em silêncio esperando o fim da história. Ela continou falando que eles adoravam brincar e correr pelos jardins e seus pais eram muito amigos. Mas um dia eles resolveram contar o tal segredo para todo mundo. "Na verdade, a princesa do castelo azul queria ser o príncipe da floresta, e o príncipe da floresta queria ser a princesa do castelo azul". Tá aí um desenrolar de história que eu realmente não esperava. Ela olhou pra mim e riu. Minha tia pulou do sofá. "Como é? Ela quer ser homem e ele quer ser mulher? Que história é essa?" Ela ainda estava rindo mas continou a história. Falou que eles sentiam isso desde sempre e quando encontraram uma fada mágica pediram que ela realizasse os seus desejos. E assim a fada mágica fez. "Mas Beatriz, quem já viu isso... E agora eles são o que?". Ela segurou os dois cogumelos juntos, olhou pra minha tia e disse "Felizes para sempre."





Você está sentado em um banco da praça lendo um livro, o que você é? Você fica em casa o fim de semana inteiro comendo brigadeiro e assistindo filme, o que você é? Você vai pro barzinho com os amigos jogando conversa fora, o que você é?  Você vai pra festa de short curto e dança a noite inteira sem se preocupar com o que os outros falam, o que você é? Você é umx meninx e sente atração por umx meninx e resolve investir nelx, o que você é? Você é uma menina e aceitou o convite de sair pra beber com os meninos da sua sala, o que você é? Você é um menino e passou a tarde no shopping com suas amigas conversando besteira e vendo filme no cinema, o que você é? Antes de responder quero que você pense uma coisa, você fez todas essas coisas por vontade própria? Sim? Então a resposta é bem simples: você é feliz. Simples assim. 

PS: Sim, essa história dos cogumelos é verdadeira e por mais que tenha acontecido há alguns meses eu precisava contar.
PPS: Eu ainda tô pra descobrir algo melhor que ser tia. Saudades da pequena, btw.
PPPS: Seja feliz.
PPPPS: Beijos&Beijos

Lari Freitas.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

.Reflexões de um parabéns.


Desde antes de entrar na faculdade as pessoas já me falavam sobre a dificuldade e tudo que supostamente teria que acontecer pra eu conseguir entrar nela.. Em um alguns pontos elas estavam realmente certas. A correira do dia-a-dia, as horas sem dormir, a abdicação de algumas coisas para conquistar outras... Mas elas sempre falavam de uma coisa que pra mim não fazia sentido nenhum. "Você vai começar a ficar sem tempo de fazer certas coisas. As visitas aos amigos vão ser menos frequentes, alguns entenderão, outros não." Essa era uma das coisas que eu não conseguia acreditar. Nunca fui uma pessoa muito organizada, mas sempre consegui gerenciar o meu tempo pra conseguir fazer tudo. Depois de quase um ano na faculdade, percebo que essas pessoas realmente estavam certas nesse ponto. Não só pelo fato de eu ter entrado na faculdade, mas também por essa faculdade ser em uma cidade que fica +- 6h de distância. No começo é horrível, parece que você sempre tá "inventando" uma desculpa, sempre tá ocupado, sempre tá fazendo outra coisa "mais importante". Aos que entendem, isso não é uma desculpa e sim o que realmente está acontecendo, mas aos que não entendem... Ok, mas não era sobre essa parte da história que eu vim falar. Hoje é dia 25/09 mas creio que vocês só lerão esse post no dia 09/10. Esse deveria ser um post de parabéns, mas eu sinto a necessidade de falar algumas coisas que talvez nem todos que eu gostaria que lessem/entendessem irão ler/entender. Mas lá vamos nós:
No dia 09/10 é aniversário dessa coisa linda chamada Bernardo que veio pra ganhar mais um espacinho dentro do coração de Tia Larissa, que já tem uma sobrinha linda chamada Bia. Desde bem antes de eu saber que você ia nascer, eu já imaginava esse momento. Eu imaginava como seria tudo, se você estaria morando em Garanhuns, se meus filhos seriam seus amigos de infância, assim como sua mãe e seu tio foram os meus. Até que você veio e nos pegou completamente de surpresa. No dia que eu soube que você ia chegar, eu sentei na cama e chorei. Chorei porque eu sabia que você ia ser lindo, chorei porque dentro de mim eu já queria que você fosse completamente feliz e que nada nesse mundo te machucasse. Chorei porque você ia estar aqui (Maceió/Garanhuns) e eu estaria lá (Petrolina). E assim foi, foram fotos do nascimento, fotos da primeira roupinha, fotos dos sorrisos, vídeos de seus monólogos naquela língua que só você entende, vídeos de você tentando andar, vídeos, fotos, vídeos, fotos... Finalmente fiquei de férias e pude te conhecer. Lembro que no dia que dormi no mesmo quarto que você eu mal consegui dormir porque qualquer barulhinho que você fazia, eu já achava que tava acontecendo alguma coisa e levantava pra olhar se estava tudo ok -e realmente estava tudo ok-, e durante aquela época que eu estava aí, foi ótimo poder te conhecer de pertinho e sentir esse cheirinho de bebê que eu amo tanto. As aulas voltaram e eu tive que ir de novo. Mais fotos, mais vídeos, mais fotos, mais vídeos. Quando finalmente pude voltar, percebi o quanto você tinha crescido e como tava mais lindo ainda. Claro que você estranhou todas as minhas tentativas de te pegar no braço, mas que culpa você tem se tem uma pessoa que você viu tão pouco querendo te tirar dos braços da tua mãe? 
Bem, o ponto desse texto é que eu nem sei se um dia você vai chegar a ler isso, creio que não, mas eu queria arrumar uma forma de te dizer que mesmo com toda a distância, mesmo com toda minha falta de tempo -que pode até aumentar conforme os períodos da faculdade se passam-, mesmo com todas os contratempos, chega a ser estranho o quanto eu amo você e o quanto eu quero te ver bem. Seu presente tá aqui mas esse eu só vou entregar quando eu te ver de novo, nem que isso só aconteça no natal. E saiba que toda curtida, todo comentário ou visualização de suas fotos são tipo uma forma de eu te abraçar e te dar um beijinho mesmo aqui de longe. Que toda luz do mundo se faça presente em sua vida, que Deus te abençoe sempre. Parabéns, Bernardo. A tia Lari aqui não vai poder ir pro seu aniversário, mas saiba que ela ama você e tá morrendo de saudade. <3 

terça-feira, 29 de setembro de 2015

.O alto preço de viver longe de casa.


RUTH MANUS
24 Junho 2015 | 11:28

"Muito além do valor do aluguel.

Voar: a eterna inveja e frustração que o homem carrega no peito a cada vez que vê um pássaro no céu. Aprendemos a fazer um milhão de coisas, mas voar… Voar a vida não deixou. Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas. E que, neste caso, poder voar nos causaria crises difíceis de suportar, entre a tentação de ir e a necessidade de ficar.
Muito bem. Aí o homem foi lá e criou a roda. A Kombi. O patinete. A Harley. O Boeing 737. E a gente descobriu que, mesmo sem asas, poderia voar. Mas a grande complicação foi quando a gente percebeu que poderia ir sem data para voltar.
E assim começaram a surgir os corajosos que deixaram suas cidades de fome e miséria para tentar alimentar a família nas capitais, cheias de oportunidades e monstros. Os corajosos que deixaram o aconchego do lar para estudar e sonhar com o futuro incrível e hipotético que os espera. Os corajosos que deixaram cidades amadas para viver oportunidades que não aparecem duas vezes. Os corajosos que deixaram, enfim, a vida que tinham nas mãos, para voar para vidas que decidiram encarar de peito aberto.
A vida de quem inventa de voar é paradoxal, todo dia. É o peito eternamente divido. É chorar porque queria estar lá, sem deixar de querer estar aqui. É ver o céu e o inferno na partida, o pesadelo e o sonho na permanência. É se orgulhar da escolha que te ofereceu mil tesouros e se odiar pela mesma escolha que te subtraiu outras mil pedras preciosas.
E começamos a viver um roteiro clássico: deitar na cama, pensar no antigo-eterno lar, nos quilômetros de distância, pensar nas pessoas amadas, no que eles estão fazendo sem você, nos risos que você não riu, nos perrengues que você não estava lá para ajudar. É tentar, sem sucesso, conter um chorinho de canto e suspirar sabendo que é o único responsável pela própria escolha. No dia seguinte, ao acordar, já está tudo bem, a vida escolhida volta a fazer sentido. Mas você sabe que outras noites dessa virão.
Mas será que a gente aprende? A ficar doente sem colo, a sentir o cheiro da comida com os olhos, a transformar apartamentos vazios na nossa casa, transformar colegas em amigos, dores em resistência, saudades cortantes em faltas corriqueiras?
Será que a gente aprende? A ser filho de longe, a amar via Skype, a ver crianças crescerem por vídeos, a fingir que a mesa do bar pode ser substituída pelo grupo do whatsapp, a ser amigo através de caracteres e não de abraços, a rir alto com HAHAHAHA, a engolir o choro e tocar em frente?
Será que a vida será sempre esta sina, em qualquer dos lados em que a gente esteja? Será que estaremos aqui nos perguntando se deveríamos estar lá e vice versa? Será teste, será opção, será coragem ou será carma?
Será que um dia saberemos, afinal, se estamos no lugar certo? Será que há, enfim, algum lugar certo para viver essa vida que é um turbilhão de incertezas que a gente insiste em fingir que acredita controlar?
Eu sei que não é fácil. E que admiro quem encarou e encara tudo isso, todo dia.
Quem deixou Vitória da Conquista, São José do Rio Preto, Floripa, Juiz de Fora, Recife, Sorocaba, Cuiabá ou Paris para construir uma vida em São Paulo. Quem deixou São Paulo pra ir para o Rio, para Brasília, Dublin, Nova York, Aix-en-provence, Brisbane, Lisboa. Quem deixou a Bolívia, a Colômbia ou o Haiti para tentar viver no Brasil. Quem trocou Portugal pela Itália, a Itália pela França, a França pelos Emirados. Quem deixou o Senegal ou o Marrocos para tentar ser feliz na França. Quem deixou Angola, Moçambique ou Cabo Verde para viver em Portugal. Para quem tenta, para quem peita, para quem vai.
O preço é alto. A gente se questiona, a gente se culpa, a gente se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado. Keep walking."

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Li esse texto da Ruth Manus e não teve como não me identificar. Muito do que tá escrito aí eu falei um pouco no post que vai ser postado semana que vem mas que eu escrevi semana passada (oi?). Acho que só quem sai de casa é que realmente consegue entender a profundidade e a verdade desse texto. É ótimo saber que mesmo longe não sou só eu que me sinto assim. Segundo texto da Ruth que posto aqui e já tô amando!
PS: Greve, acaba logo pfvr eu nunca te pedi nada!
PPS: Ir pra Petrolina essa semana depois de tanto tempo em casa.. Não quero. :'(
PPPS: Achei essa foto no google e tinha que colocar ela. K 
PPPPS: Beijos&Beijos

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

.Can you fix it if it's broken?.


Ela era colecionadora de coisas. Uma das coisas que ela gostava de colecionar eram canecas. Canecas de viagens, canecas de filmes, canecas coloridas...  Por mais que muita gente achasse besteira, pra ela era muito legal ver todas aquelas canecas ali. Elas não eram meras canecas, eram momentos da vida dela. Uma viagem, um presente, uma promoção na lojinha da esquina... Um dia, acordou atrasada e achou que o melhor era só tomar um café e sair correndo de casa. Pegou o café, colocou na caneca e enquanto olhava os e-mails do trabalho começou a andar com a caneca na mão. Estava quase perto da porta quando sentiu algo escorregar da mão. Não deu tempo de segurar. BAM! sua caneca dos corações estava em pedaços no chão. Ela parou. Olhava para uma mistura de pequenos corações coloridos e o líquido escuro que agora tomava conta de algumas cerâmicas da casa. Ela não sabia o que fazer mas isso não mudava o fato de que ela continuava atrasada. Pegou um pano, tentou, desajeitadamente, limpar o chão e recolheu alguns pedaços dos corações no chão. "Depois eu limpo direito", disse ao fechar a porta de casa. Aquela era uma de suas canecas preferidas. Foi a primeira caneca que ela comprou depois de se mudar a primeira vez. Era naquela caneca que ela tomava café, água, suco, porque ainda não tinha tido tempo de comprar copos e xícaras com a correria da mudança. Aquela caneca era pra ela o começo de uma nova parte da sua vida. Uma caneca nova, uma casa nova, uma vida nova.
No meio do engarrafamento, ela pensava nas possibilidades. "E se eu colasse todos os corações?" "Deve ter algum tutorial na internet que ensine como se faz isso.." chegou no trabalho e na correria do dia não se permitiu pensar em nada além do trabalho. O dia passou, hora de ir pra casa. Chegou, colocou a bolsa na mesa e quando ia saindo da sala, viu um coraçãozinho no chão. Lembrou. Pegou-o no chão e levou pra junto dos outros pedaços. Entre várias e várias tentativas de "encaixe" percebeu que não tinha como consertar todos os corações. Percebeu que mesmo que se ela juntasse todos os corações ainda haveria rachaduras que poderiam fazer a caneca vazar, etc. Lembrou do dia que ela comprou a caneca.
"Essa é uma das mais bonitinhas que nós temos aqui. Uma pena que você não chegou a tempo de ver a coleção inteira."
"Não, tudo bem. Eu só queria uma mesmo. É que eu me mudei agora sabe.."
"Sei... é bom ter algo que nos lembre dessas pequenas coisas."
"como assim?"
"Dessas coisas... o dia que eu comecei a morar sozinha... o dia que eu consegui aquele emprego... o dia que eu passei no vestibular."
"Ah, sim... Quanto é?"
"18,00"
"Vou levar!"
"Tá aqui. Obrigada e boa sorte na sua nova casa."
"Tá mais pra um apartamentoZINHO sabe?" ela riu.
"A gente sempre começa assim. Vai melhorar."
Ela olhava pro coraçãozinho que tinha na mão e pensava em todas as coisas que já aconteceram na sua vida desde aquele dia na vendinha. Ela já tinha se mudado algumas outras vezes, comprado outras canecas, mas nunca tinha esquecido daquela. Percebeu que nunca mais usaria sua caneca preferida mas sabia que uma daquelas outras, que ela também gostava, e que estavam guardadas fariam "o serviço" do mesmo jeito. Guardou aquele último coraçãozinho no porta joias no quarto. Pegou outra caneca, encheu de café e sentou no sofá. Ao olhar o desenho da caneca lembrou que aquela ela tinha ganhado de um dos seus melhores amigos quando foi promovida. "Toma, eu sei que tu gosta dessas coisinhas mesmo". Sorriu sozinha, pensou: "quantas vezes a gente já se viu depois dessa promoção? (...) Nenhuma.". Percebeu que o importante não eram as canecas. Eram os acontecimentos por trás delas que faziam com que ela se apegasse tanto. Pegou o telefone e ligou pro amigo com medo dos danos que a distância já poderia ter causado. O medo estava lá mas ela sabia de uma coisa: Diferente da caneca, se essa relação estivesse quebrada, ela teria uma grande chance de conseguir consertar. E você, o que pode consertar hoje?

PS: Oi, grériasssssss! ¬¬ (Greve + Férias)
PPS: Acho que não vai demorar até eu atualizar de novo ;)
PPPS: Sdds!
PPPPS: Beijos&Beijos

sexta-feira, 17 de abril de 2015

.Encontros.


Você está andando. Para. Volta a andar. Você está andando e não está sozinho. A cada passo, um novo rosto, a cada passo, outro ser. A música que toca aos ouvidos torna tudo um pouco mais fictício. As pessoas continuam lá. Umas passam e empurram, umas pedem licença, outras te olham rapidamente, outras passam completamente indiferentes a tudo. Entre todas elas, lá está você. Um passo de cada vez, sentindo a melodia que entra pelos ouvidos e o vento que insiste em bagunçar os cabelos. Um passo, uma batida. A música te desliga da realidade mas algo te traz de volta. São os olhos. Aqueles olhos que você ainda não conhece, mas que por uma fração de segundo fizeram um sentido enorme. Aqueles olhos que te encontraram em meio a tantos outros olhos. Aqueles olhos que te desejaram bom dia, perguntaram se estava tudo bem e te abraçaram sem o menor movimento físico. Com o passar do tempo você começou a perceber que ignorar ou simplesmente olhar por olhar não fazia sentido. Era preciso encontrar e isso não era assim tão fácil. É, você sempre desviou os olhares das pessoas,sempre sorriu timidamente e baixou a cabeça ao passar por alguém que você conhece e gosta. Porque você, logo você que todos dizem ser tão extrovertida, fazia tal coisa? Eu também não sei. Mas sei que você tentou, tentou e posso ver que houve um grande avanço. Você aprendeu que na maioria das vezes falar não vai adiantar e muito menos expressar tudo o que quer dizer. Você aprendeu que fazer o simples pode ser muito mais difícil do que se pensa. Você aprendeu a encontrar e aprendeu que isso, algumas vezes, pode ser um dos maiores confortos e o maior "ombro amigo" que você pode oferecer em certas ocasiões, e, por favor,  permita-me dizer isso: Eu fico muito feliz.

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"Maya disse stop! Encontra um olhar."
(MAGOS, Mestre dos)

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PS: Como é bom estar em casa <3
PPS: Sem muitos PSs e com muita saudade de aparecer aqui mais vezes.

PPPS: Beijos&Beijos

Lari Freitas :)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

.Sentimentos calados.

     


     A folha estava em branco. Ele olhava pra tela do notebook tentando achar palavras para, pelo menos, começar aquilo que ele se propôs a fazer. Em busca de inspiração, assistia a corrida das gotas pela janela e tomava, pensativo, o café. Voltou ao notebook.

Oi... Quanto tempo, né?
Estava pensando sobre tudo que nós já passamos e-

Apaga.

     Se perguntou porque é sempre tão difícil escrever ou simplesmente "colocar pra fora" algo que parece gritar tão alto dentro de si mas permanece tão calado externamente. Entre um gole e outro, lembrava de alguns momentos. Momentos felizes, tristes, momentos que poderiam ter acontecido.. Percebeu que muitas vezes ele era o seu próprio inimigo. Era ele quem dizia não, quando queria dizer sim. Era ele que não ligava quando a vontade de ligar batia.. Mas claro, as prioridades na época eram outras. Realmente eram, mas será que foi isso que fez ele conseguir o que queria? Será que se ele tivesse equilibrado as coisas, ele teria conseguido do mesmo jeito? Não. Não se pode ter tudo. Você tem que focar em uma coisa e ir conseguindo uma coisa de cada vez. Pelo menos era isso que ele dizia todas as vezes que o tal pensamento o ocorria. 

(...) Então... Eu encontrei com a Ju esses dias e ela me contou que você estava de volta à cidade. Como foi a viagem?

Apaga.

     Foi tomar mais um gole do café e percebeu que o mesmo já estava frio, coisa que nunca combinou com café. Como dizia ela: "Das duas uma: ou me traga um café quente ou um café gelado. Café frio já é pecado.". Rio sozinho e se serviu de mais uma xícara de café. As perguntas vinham à mil em sua cabeça. Porque será que depois de conhecer tanta gente, são essas mesmas pessoas que lhe fazem falta? Talvez elas sejam realmente importantes. Talvez ela seja importante. A folha estava em branco. Nenhuma ideia. Baixou a tampa do computador para desligá-lo. Tomou o último gole do café. humpf, imprimir uma carta... Pegou uma caneta, um papel do bloco de notas, escreveu, mesmo sabendo que sua letra não era uma das mais bonitas e saiu. 

     Ela estava abrindo a porta de casa quando se deparou com um papel embaixo do tapete. Tem panfleto até aqui? Pegou o papel pra jogar fora, o abriu e parou com a mão no trinco da porta. Riu e sentiu uma coisa que a fez lembrar dos velhos tempos.. Os anos passam e não tem caligrafia que dê jeito nessa letra né? Guardou o bilhete no bolso da jaqueta e completou o ritual de entrada em casa. Quando chegou no quarto, tirou a jaqueta, pegou o bilhete do bolso e releu:

Eu sinto saudade...



Larissa Freitas.

PS: Às vezes as coisas mais complicadas são as mais simples de serem ditas.
PPS: Como é bom estar de férias!!
PPPS: May the truth set you free.
PPPPS: Beijos&Beijos.

domingo, 11 de janeiro de 2015

.A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem não quer.



Às vezes me flagro imaginando um homem hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos:
“Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, pra lá e pra cá.

Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de imposto de renda. 

Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar. 

Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.” 

Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhum homem. Nem mesmo parte dele. Vai ver que é por isso que estou solteira aqui, na luta. 

O fato é que eu venho pensando nisso. Na incrível dissonância entre a criação que nós, meninas e jovens mulheres, recebemos e a expectativa da maioria dos meninos, jovens homens,  homens e velhos homens.

O que nossos pais esperam de nós? O que nós esperamos de nós? E o que eles esperam de nós?

Somos a geração que foi criada para ganhar o mundo. Incentivadas a estudar, trabalhar, viajar e, acima de tudo, construir a nossa independência. Os poucos bolos que fiz na vida nunca fizeram os olhos da minha mãe brilhar como as provas com notas 10. Os dias em que me arrumei de forma impecável para sair nunca estamparam no rosto do meu pai um sorriso orgulhoso como o que ele deu quando entrei no mestrado. Quando resolvi fazer um breve curso de noções de gastronomia meus pais acharam bacana. Mas quando resolvi fazer um breve curso de língua e civilização francesa na Sorbonne eles inflaram o peito como pombos.

Não tivemos aula de corte e costura. Não aprendemos a rechear um lagarto. Não nos chamaram pra trocar fralda de um priminho. Não nos explicaram a diferença entre alvejante e água sanitária. Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.

Mas nos ensinaram esportes. Nos fizeram aprender inglês. Aprender a dirigir. Aprender a construir um bom currículo. A trabalhar sem medo e a investir nosso dinheiro.  Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.

Mas, escuta, alguém  lembrou de avisar os tais meninos que nós seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que nós iríamos querer jantar fora, ao invés de preparar o jantar? Que nós iríamos gostar de cerveja, whisky, futebol e UFC? Que a gente não ia ter saco pra ficar dando muita satisfação? Que nós seríamos criadas para encontrar a felicidade na liberdade e o pavor na submissão?

Aí, a gente, com nossa camisa social que amassou no fim do dia, nossa bolsa pesada, celular apitando os 26 novos e-mails, amigas nos esperando para jantar, carro sem lavar, 4 reuniões marcadas para amanhã, se pergunta “que raio de cara vai me querer?”.

“Talvez se eu fosse mais delicada… Não falasse palavrão. Não tivesse subordinados. Não dirigisse sozinha à noite sem medo. Talvez se eu aparentasse fragilidade. Talvez se dissesse que não me importo em lavar cuecas. Talvez…”

Mas não. Essas não somos nós. Nós queremos um companheiro, lado a lado, de igual pra igual. Muitas de nós sonham com filhos. Mas não só com eles. Nós queremos fazer um risoto. Mas vamos querer morrer se ganharmos um liquidificador de aniversário. Nós queremos contar como foi nosso dia. Mas não vamos admitir que alguém questione nossa rotina.

O fato é: quem foi educado para nos querer? Quem é seguro o bastante para amar uma mulher que voa? Quem está disposto a nos fazer querer pousar ao seu lado no fim do dia? Quem entende que deitar no seu peito é nossa forma de pedir colo? E que às vezes nós vamos precisar do seu colo e às vezes só vamos querer companhia pra um vinho? Que somos a geração da parceria e não da dependência?

E não estou aqui, num discurso inflamado, culpando os homens. Não. A culpa não é exatamente deles. É da sociedade como um todo. Da criação equivocada. Da imagem que ainda é vendida da mulher. Dos pais que criam filhas para o mundo, mas querem noras que vivam em função da família.
No fim das contas a gente não é nada do que o inconsciente coletivo espera de uma mulher. E o melhor: nem queremos ser. Que fique claro, nós não vamos andar para trás. Então vai ser essa mentalidade que vai ter que andar para frente. Nós já nos abrimos pra ganhar o mundo. Agora é o mundo tem que se virar pra ganhar a gente de volta.

Ruth Manus, publicado em Seu Blog.

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"Feminist - A person who believes in the social, political and economic equality of the sexes."
(Chimamanda Ngozi)


PS: Passeando por esse mundo chamado internet, encontrei esse texto e achei que devia compartilhar :)
PPS: Vamos, também, ter cuidado com as generalizações ;)
PPPS: Férias, não acabem agora. :'(
PPPPS: Por mais que eu ame tudo que tá acontecendo comigo depois que "saí de casa" será q eu realmente saí? , o coração já tá apertado por ter que ir embora de novo. :(
PPPPPS: Sim, a foto e o gif são um show à parte. Rainha. <3
PPPPPPS: Beijos&Beijos.