quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

.Domingos.


Era um domingo. Ele sempre gostou muito dos domingos... Esse era um dos poucos dias que a rotina não se fazia necessária. Acordar a hora que quiser, fazer o que quiser, não fazer nada... Mas ela apareceu. Fez uma reviravolta na vida dele. Ele, que não tinha nada pra fazer nos domingos, passou a ter mais um motivo pra gostar deles. Eles se encontrariam pra fazer alguma coisa, ou para não fazerem nada -juntos-. Por um bom tempo foi assim. Ela cuidando dele e ele cuidando dela. Então, ele acordou -era um sábado sem muitas cores-, procurou-a, mas ela não estava mais lá. Sua escova não estava mais no banheiro. A gaveta, que antes pertencia a ela, estava aberta, mas vazia. Ele não podia acreditar... Ela foi embora depois de tantas promessas de permanência, depois de torná-lo dependente dela. Ele sentou no sofá e acendeu um cigarro. Ele não fumava antes, aprendeu com ela e isso passou a ser uma coisa deles. O gosto lembrava ela. E o sábado foi se arrastando, até que o domingo finalmente chegou. Mas agora, de que servia o domingo? Aquele dia que já tinha sido dele e tornou-se deles, não importava mais. Do amor, passou pra angústia. Semanas se passavam e quando ele pensava que mais um domingo se aproximava, ele começava a murchar. Saia, tentava ocupar a mente, mas no fim do dia, ainda era domingo. Ela ainda estava lá em algum lugar. O ano acabou. No primeiro domingo do ano seguinte, ele acordou e por algum tempo não lembrou de nada. Começou a rotina do seu dia que agora se resumia a comer -> assistir -> comer -> dormir. Enquanto mexia o café, acabou derramando um pouco no chão. Depois de alguns xingamentos, pegou um pano. Agachou-se, começou a limpar. Colocou o braço embaixo do balcão para alcançar os lugares que o café havia percorrido e sentiu alguma coisa. Ao puxar, viu que era um marcador de livro. Mas não um marcador de livro comum, era um marcador de um livro dela. Ele não levantou. Soltou o pano e continuou atônito, observando o marcador. Sentiu o coração acelerar, um peso em seus olhos, uma dor na garganta... Começou a chorar. Ele nunca teve vergonha de chorar. Não era daqueles caras que achava que "chorar não é coisa de homem.", mas também não saia chorando por ai sem motivo. E desde aquele sábado, essa foi a primeira vez que ele realmente se deixou levar. Baixou a guarda. Admitiu que não suportava. A chuva lá forava abafava o sofrimento e tornava aquele momento único. Acalmou-se. Pegou um cigarro. Depois de algumas tentativas de acender o isqueiro, finalmente conseguiu. Antes de dar a primeira tragada, ele parou. Não sentia mais a urgência de antes. Não sentia a angústia no peito. Pensou nos domingos e percebeu que a dor já não era tão grande. Olhou pro cigarro, apagou-o. "Ela foi embora. Não fui eu que fugi. Eu estava disposto a encarar tudo. Eu cumpri as minhas promessas. Eu não sou o fraco. Ela é." Ficou observando a chuva... Aquilo não foi exatamente um sorriso, mas ele estava com um semblante pacífico. Jogou o marcador no lixo. Pegou a xícara de café e continuou a comer. Seguiu sua vida, tentando levá-la do mesmo jeito que fazia antes de ela aparecer. Ele não voltou a amar os domingos, mas também não tinha mais motivos para odiá-los.

PS: Quase um mês sem atualizar... '-' '-'
PPS: Eu tava com esse texto quase 'pronto' na cabeça. Mas nunca achava um tempo adequado pra escrevê-lo. Aí está. -rs
PPPS: Esse ano promete ser completamente diferente. Mas vocês ainda vão me ver -ler?- falar muito disso por aqui. Hahahaha
PPPPS: Beijos&Beijos. :3

LariFreeitas.

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